Material e Métodos:
O potencial terapêutico das células-tronco, antes celebrado por todos, está se tornando um tormento para muitos pesquisadores. Cientistas e médicos se sentem cada vez mais pressionados pela ansiedade dos pacientes - que não querem esperar mais dez anos por uma cura - e pelo surgimento de clínicas estrangeiras que, mesmo sem comprovação científica, já oferecem "tratamentos" com células-tronco para todo tipo de doenças e lesões.
Esse dilema veio à tona recentemente numa palestra do neurocirurgião português Carlos Lima, no dia 24, na Universidade Federal do Rio (UFRJ). A ideia era promover um debate científico sobre a eficácia de um tratamento à base de células-tronco que Lima oferece a vítimas de lesões medulares em um hospital de Lisboa. Porém, com dezenas de pacientes e familiares no auditório, o foco da discussão mudou. A primeira pergunta, feita por um cadeirante ao fim da apresentação, foi emblemática: "Quando é que o tratamento chega ao Brasil?"
Em entrevista à reportagem, o neurocientista Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, disse que Lima não apresentou dados científicos que permitissem avaliar a eficiência da técnica, apesar dos relatos de pacientes que dizem ter se beneficiado da terapia. No dia seguinte, Rehen foi bombardeado com e-mails de pessoas indignadas, com xingamentos e críticas de que ele estava dificultando a vinda do tratamento para o País. "Há um hiato muito grande entre as expectativas dos pacientes e o que a comunidade científica pode oferecer para eles", lamenta.
Segundo vários especialistas ouvidos pela reportagem, ainda não há como atestar cientificamente a eficácia ou a segurança dos tratamentos vendidos atualmente com células-tronco, porque eles não seguem critérios básicos de pesquisa clínica. "Esse é o grande problema: sem os controles básicos de pesquisa clínica é impossível dizer se algo realmente funciona", diz Douglas Sipp, do centro de pesquisas Riken, no Japão, autor de um artigo sobre "turismo de células-tronco" na revista Science. "As pessoas dizem que melhoram, mas não há como saber se houve uma melhora clínica verdadeira ou se é só um efeito psicológico."
Placebo??
Para a geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo, é provável que muitos dos efeitos benéficos relatados pelos pacientes que pagam para receber injeções de células-tronco não tenham relação com as células. Em vez disso, podem estar relacionados a outros componentes do tratamento - como fisioterapia ou acupuntura - ou ser resultado de um "efeito placebo" - quando o paciente melhora espontaneamente porque acha que está recebendo uma droga, mas não está. "É uma injeção de ânimo, de esperança, que deixa a pessoa revigorada", diz Mayana. "Temos uma responsabilidade muito séria de não iludir as pessoas."
Resultados e Discussão:
Esse é um assunto que me incomoda já tem um tempo, e que eu pessoalmente vejo da seguinte forma:
De um lado temos a comunidade científica, com suas hipóteses. métodos, cautelas (nem sempre), e extrema vontade (pra não dizer pressa) de "desvendar" o verdadeiro potencial terapêutico das células-tronco.
De outro temos pacientes (e afins), compreensivelmente aflitos, e ansiosos por uma cura. Afinal de contas são os principais interessados, e também porque não dizer, grandes apoiadores dessa pesquisa, já que constituem a maior fonte de pressão política para apoio das mesmas.
Porém existe um personagem a mais nesse cenário, aquele que faz o "leva e traz" desse diálogo
entre o meio científico e a comunidade, a mídia, e do meu ponto de vista isso consistiu em um problema, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Me parece que a polemica sobre a realização de tais pesquisas foi (a ainda é) tamanha, que se criou no senso comum uma super-expectativa sobre ela, e isso se reflete obviamente sobre os cientistas que a desenvolvem. E cientistas (pasmem) também são seres humanos! Susceptíveis à pressão, à falha, e principalmente à ganância.
Que fique bem claro, não estou acusando ninguém de charlatanismo aqui! Mas onde foi parar a responsabilidade? A paciência? O método?A ética? E o respeito?
Será, que quando alguém aparecer com bons resultados, a comunidade científica não agirá da mesma forma como tem agido com os que apareceram ultimamente?
Quem sou eu para julgar? Diante de uma corrida contra o tempo, mascarada com o ideal de salvar vidas, mas que muitas vezes não passa de puro EGOísmo.
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2 comentários:
Bacana o texto...
Eu acho que a questão é reclamar.
A mídia ta aí pra colocar lenha na fogueira. E as pessoas nasceram pra reclamar... se os cientistas apressam por conta da pressão e acabam colocando em prática um metódo que não funciona as pessoas vão reclamar... e se eles preferem ter paciência, fazer mil testes, pensar no futuro e desenvolver uma coisa bacana as pessoas reclamam pela demora.
É... vai entender, né...
Por esses motivos que as pesquisas devem ser feitas, para comprovar ou não a eficácia de um tratamento e p quem realmente serve, acredito q isso demore um pouco, discuti este tema com meus alunos do oitavo ano do ensino fundamental, fontes de extração e o que diz a legislação de alguns países a respeito das pesquisas com células troco... todos concordaram que não viam mal algum em serem feitas pesquisas com células embrionárias que seriam descartadas e c autorização dos pais... só q tudo leva tempo...
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