10 de abril de 2009

Dois coelhos com uma cajadada só?

Material e Métodos

Pequena planta pode ser a solução para descontaminação da água e produção de biocombustíveis.


Pesquisadores da North Carolina State University descobriram que uma pequena planta aquática é capaz de limpar a água de resíduos animais e industriais, sendo uma possível alternativa também para a produção de biocombustível.

A pequena planta aquática Spirodela polyrrhiza,“duckweed”, no Brasil conhecida como “lentilha d’água”, de acordo com os pesquisadores, para fins de produção de etanol, possui uma produtividade 6 vezes maior do que o milho insumo principal de produção de etanol nos EUA, que exige pesados subsídios para manter-se competitivo além de receber severas críticas pela redução da produção destinada à alimentação. Neste sentido já existem diversas pesquisas, inclusive de etanol celulósico, visando a substituição do milho.

A “lentilha d’água” parece uma alternativa promissora, com vantagens adicionais pelo seu potencial de redução de poluentes orgânicos na água.

Como muitas outras plantas aquáticas, tais como a aguapé, a “lentilha d’água” prolifera em águas ricas em nutrientes orgânicos, retirando estes nutrientes da água, o que permite ser utilizadas em sistemas de tratamento para produção de água de reuso.

Em águas excessivamente contaminadas com nitrogênio, de fertilizantes, ou com efluentes orgânicos do esgoto doméstico, estas plantas podem atingir a dimensão de uma “praga’. No entanto, agora, podem ter grande utilidade.

Utilizada em larga escala em “lagoas” para tratamento biológico da água, também produziria biomassa para a produção de etanol.

É, até agora, a alternativa mais ‘amigável’ ao meio ambiente, das que já foram formalmente pesquisadas para produção de biocombustíveis.



(Fonte: EcoDebate)

Resultados e Discussão

Realmente, quem vê esta reportagem a entende como uma promissora e eficaz maneira de resolver dois problemas de uma só vez: limpar os cursos d'água, além de produzir combustível mais limpo para nossos automóveis.

Porém, vamos pensar um instante: a
Spirodela é uma planta que se estabelece na lamina d'água em uma distribuição altamente horizontal (veja fotos), o que do meu ponto de vista resultaria numa baixa produção de biomassa por área e, consequentemente, uma baixa produção de biocombustíveis.

Em se tratando do EUA, podemos até considerar tal possibilidade dado que, a planta produz 6 vezes mais do que o milho (o que eu ainda acho não ser suficiente), mas no caso do Brasil, o cenário fica meio utópico, já que a cana-de-açúcar está mais do que firmada como a principal fonte de matéria orgânica para a produção de álcool no Brasil, e a cada dia que passa, novas pesquisas aumentam a sua produtividade e a eficiência do processo de produção do combustível.

Não posso deixar de lado o aspecto "limpo e sustentável" da plantinha é claro, porque nos trabalhos em que estive dando uma olhada sempre foi utilizada como biorremediadora de ambientes aquáticos e solos. Porém, apesar de ser uma excelente bioacumuladora, como a própria matéria expõe, em ambientes eutrofizados elas se tornam verdadeiras pragas, e no caso de represas de usinas hidroelétricas chegam até a entupir as turbinas.

Enfim, não estou dizendo para descartarmos qualquer hipótese de que a Spirodela seja uma "cajadada de matar dois coelhos", mas em epoca de Páscoa eu duvido até do coelho.

Leia mais em:
Arsenic accumulation in duckweed (Spirodela polyrhiza L.): A good option for phytoremediation
Arsenic uptake by aquatic macrophyte Spirodela polyrhiza L.: Interactions with phosphate and iron

5 comentários:

Lita disse...

seu rxto eh otimo, as informações são uteis e vc é lindo!

bjo me liga mesmo!

http://www.ehow.com/members/stevemar2-articles.html disse...

You really should do English posts if possible.stenedis

Luiz Bento disse...

Olá david,

Parabéns pelo blog. Tente manter essa parte de crítica das notícias. Este realmente forma um diferencial entre blogs replicadores de notícias e os que valem a pena serem lidos. Acho que a utilização das macrófitas algo meio utópico, as algas formam um caminho mais promissor.

Obrigado pela visita ao Discutindo Ecologia.

Abraços.

Luíza Paiva disse...

Realmente as algas apesar de serem pouco exploradas possuem interessantes aplicações econômicas, principalmente por se reproduzirem em grande velocidade, com alta produtividade e ao mesmo tempo não ocupam muito espaço, além de terem baixo custo!
Mas achei que você poderia ter explicado melhor quem é "Spirodela polyrhiza"... ao invés de chamá-la apenas de pequena planta aquática. Principalmente por ter tido uma ótima monitora de Criptógamas =]

Davi Barreto disse...

Luíza!
Com certeza tive uma ótima monitoria de criptógamas, se spirodel fosse uma tenho certeza que saberia explicar melhor..HAHAHAHA
Ok então
[i]Spirodela polyrhyza[/i]
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas)
Família: Lemnaceae
Por serem adaptadas ao ambiente aquático estão entre as mais simples e menores monocotiledoneas.
O Gênero [i]Spirodela[/i] tem paenas tres espécies de distribuição global.