23 de outubro de 2009

Lembrete: Os microrganismos e a recuperação de áreas degradadas


Entende-se como área degradada aquela que, após algum distúrbio (esse a maioria das vezes provocado por ação do homem) encontra-se em algum tipo de desequilíbrio , não conseguindo manter um ecossistema saudável e compatível com o encontrado antes da ocorrência de tal distúrbio.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, quando se pensa em recuperação de áreas degradadas, o principal objetivo não é fazer aquele local tonar-se exatamente igual ao que era antes, as vezes nem mesmo parecido, mas o que mas tem sido feito é a aplicação de técnicas que enriquecerão aquele ambiente e desta forma a própria regeneração da natureza de conta de recuperar um ecossistema doente.

Neste contexto, o que vemos são sempre técnicas voltadas para o plantio de mudas (quantas empresas por aí não saem plantando mudas a torto e a direita?), que por suas características conseguiram reiniciar ou acelerar o processo de sucessão ecológica naquele sistema, e desta forma, com algum tempo e cuidado, chega-se a um resultado satisfatório.


Mas o que muitas pessoas esquecem é o papel importante que os microrganismos do solo exercem neste método. Principalmente porque são eles (bactérias e fungos) que desempenham um dos processos mais importantes na manutenção de um ecossistema. A decomposição, e consequente reciclagem de nutrientes são fundamentais para que não somente aquelas mudas cresçam e se desenvolvam, mas que também deixem descendentes, e mantenham aquele sistema saudável.

Além disso microganismos podem ser importantes fatores de estimulo do crescimento das plantas, já que podem agir como fixadores de nitrogênio atmosférico (nutriente essencial para o desenvolvimento vegetal), podem alterar o estado de compactação do solo, e também melhorar a retenção de água pelo mesmo, entre outro benefícios.

Uma técnica muito comum é a plantação de mudas com inóculos de microrganimos pré-inseridos, ou também a realocação de solo de uma área não degradada (quando disponível) para a área de plantio.

Só pra lembrar um pouco do micromundo que as vezes esquecemos mesmo.

4 de setembro de 2009

Não existem genes do câncer!


Looping de Replicação do DNA


Hoje durante uma conversa com amigos escuto a seguinte afirmação.. "Não entendo como ainda não descobriram a cura do câncer. Se até já sabem quais são os genes que causam, já deveriam ter arrumado alguma forma de impedir isso."

Normal, afinal de contas, se eu ficasse escutando a Fátima Bernardes dizendo que "cientistas isolaram o gene que causa câncer disso ou daquilo" praticamente toda semana também pensaria assim.


Mas afinal existem genes que causam câncer?

Não neste sentido literal... (ou pelo menos ainda não foram descobertos) o que temos são genes que em algum determinado momento da vida, são danificados, e começam a atuar (serem expressos) de forma descontrolada, fazendo com que a célula entre constantemente em divisão (mitose), originando com o tempo um tumor.


Por exemplo, algumas das principais proteínas responsáveis pela regulação do ciclo celular em células de mamíferos são as Ciclinas e as CDK's. Juntas elas formam um complexo proteico fosforilador que irá basicamente dar iníco a fase S do ciclo celular (fase de replicação do DNA, necessária para que existam duas cópias da molécula, e assim a célula poderá se dividir).


Supondo que por algum motivo, ocorra uma mutação no gene de uma das CDK's, e esta comece a ser super expressa, se isso não for corrigido por proteínas da própria célula ela se tornará uma mutante com o ciclo celular desregulado, e, se essa mutante não for identificada pelo sistema imune e eliminada por células especiais (como as Natural Killers), poderá se desenvolver um tumor.

Mutações e erros no DNA, ocorrem a todo instante no nosso corpo, mas existem mecanismos afim de impedir que o câncer se desenvolva, e a eficiência desses mecanismos variam de pessoa para pessoa, e aí nós temos uma das possibilidades de PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA.

Entenderam a diferença? Predisposição não significa possuir um gene causador de câncer, e sim, uma tendência a manter células tumorais vivas, e isso também devido à vários fatores.

Não seria muito ilógico, evolutivamente falando, que genes causadores de câncer (no sentido literal da frase) existissem? Ainda mais em grande quantidade...

17 de agosto de 2009

Probióticos no mercado, o que você come e por que?

Se você acha que bactérias são seres vivos malignos, que só servem pra causar doenças e infecções, e apodrecer coisas, e que se você levar uma vida limpa, cheia de cuidados e paranóia você estará livre delas, saiba que você está redondamente enganado.
A microbiota bacteriana é parte fundamental do nosso organismo, e todos nós somos um imenso habitat para uma grande variedade das mesmas. Essa relação normalmente é equilibrada, mas durante nossa vida ocorrem pequenos desequilíbrios, devido à vários fatores, e estes podem causar algumas doenças oportunistas.
Algumas espécies que nos habitam, são tão importantes para um bom funcionamento do organismo, que se tornaram alvo de pesquisas e também obviamente do interesse das indústrias alimentícia e farmacêutica.

Lactobacillus spp

Estas são os chamados, microrganismos
probióticos. Existem vários conceitos para se definir um probiótico, mas todos eles apontam para uma característica fundamental, "a capacidade de trazer algum benefício ao hospedeiro, enquanto presente no mesmo", e estes podem ser os mais variados possíveis.
Para citar alguns exemplos temos, a melhora da capacidade de absorção de nutrientes no intestino, a produção de alguns nutrientes, atividade anti-microbiana contra possíveis patógenos (seja esta por meio de substâncias produzidas pelo microrganismo, ou por meio de competição), estimulação do sistema imune do hospedeiro e até mesmo atividade anti-carcinogênica.
Desta forma, vários produtos hoje no mercado contêm bactérias ativas (ou só dizem que têm), que são capazes de colonizar, mesmo que por um período determinado de tempo, o trato intestinal de humanos, e desta forma nos trazer alguns desses benefícios que eu citei, ou outros.
O objetivo desse post foi reunir alguns produtos que estão no mercado brasileiro, e relacioná-los à sua espécie de probiótico, porque informação sobre o que estamos ingerindo nunca é demais, não é mesmo?



- Leite fermentado Yakult

O produto é o mais antigo no mercado, criado em 1935 no Japão, pelo Dr. Minoru Shirota, que também foi quem conseguiu isolar a linhagem de
Lactobacillus (gênero de bactérias láticas) utilizado até hoje na sua produção. Tal espécie é a Lactobacillus casei Shirota e sua principal atividade no intestino humano é evitar o crescimento de bactérias nocivas, deixando a microbiota mais equilibrada.
O Yakult foi de grande importância na época, no combate a infecções intestinais, muito comuns em crianças no Japão, resultando em uma diminuição na mortalidade infantil.

- Leite Fermentado Chamyto (Nestlé)

Contém duas espécies diferentes de bactérias láticas,
Lactobacillus johnsonii e Lactobacillus helveticus. A primeira possui uma grande variedade de prováveis efeitos probióticos, entre eles uma alta capacidade de evitar úlceras estomacais causadas por outra bactéria a Helicobacter pylori. Já a segunda é utilizada na fabricação de vários tipos de queijo, e existem estudos que relacionam sua ingestão juntamente com leite fermentado com uma redução da pressão arterial, mas também existem estudos contradizendo tal propriedade.

- Leite Fermentado Parmalat

Contém três espécies de bactérias, sendo duas láticas propriamente ditas e outra somente pelas suas caracteristicas metabólicas que são:
Lactobacillus casei, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis. L. acidophilus é comumente utilizada como probiótico pois produz vitamina K, lactase (digere a lactose), além de compostos anti-microbianos. Já B. lactis, também classificada como B. animalis lactis, tem de acordo com alguns estudos ação sobre o transito intestinal.

- Leite Fermentado Aromatizado Batavito (Batavo)

Contém somente
L. casei na sua composição.

- Iogurte Biofibras (Batavo)

Contém
B. lactis e L. acidophilus

- Iogurte Activia (Danone)

Esse é um caso interessante, a Danone se apropriou de vários nomes (um para cada país diferente) para suas bactérias, que no Brasil são conhecidas como Bacillus danregularis, o que na verdade não passa de
B. lactis


Esses são os principais produtos que encontrei, todos como puderam notar são laticínios, existem também outras marcas e outras bactérias que poderiam ser citadas, mas preferi me limitar as principais
.
Lembrando também, que normalmente tais produtos já vem na dose diária recomendada, e não adianta se entupir com eles que o efeito não será melhor, podendo ser até pior (que tal uma baita diarréia?).
Uma alimentação saudável e rica em fibras também ajuda, já que as bactérias probióticas tem que se alimentar de alguma coisa, e é você quem fornece, são os chamados prebióticos.
É importante lembrar que existe um numero mínimo de bactérias necessárias de serem ingeridas vivas, para que os microrganismos consigam passar pelo ambiente ácido do estômago e atinjam o intestino, onde exercerão seus papéis probióticos. E esse numero decresce conforme o tempo que o produto fica em armazenamento (resfriado a 4ºC), ou seja, conforme o tempo vai passando o produto vai perdendo sua propriedade.
CONFIRAM AS DATAS DE VALIDADE E FABRICAÇÃO! E bom proveito!



Leia mais em: Aspectos tecnológicos de alimentos funcionais contendo probióticos


11 de agosto de 2009

Processo enzimático na reciclagem de papel - uma alternativa inteligente


Biotecnologia tira tinta de papéis velhos para reciclagem

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/09/2008

Reciclar papéis em escala industrial não é uma tarefa tão simples quanto alguns programas educativos ingenuamente deixam transparecer. Para que os papéis reciclados possam competir de igual para igual com o material novo há um grande desafio a ser vencido: retirar a tinta de impressão dos papéis velhos.

O processo atualmente disponível para retirar essa tinta envolve o uso de grandes quantidades de produtos químicos que, além de serem caros, são altamente danosos ao meio ambiente, um fator que pode simplesmente anular os ganhos com a própria reciclagem.

Tratamento enzimático

Mas os dois problemas podem estar com seus dias contados. Cientistas da Universidade da Malásia descobriram que um processo biológico poderá baratear o processo de retirada da tinta dos papéis velhos, incentivando a reciclagem, e minimizar o impacto ambiental dessa reciclagem.

A tecnologia ambientalmente correta se baseia no uso de enzimas, que são moléculas biológicas. O tratamento enzimático é mais eficiente do que o processo químico, retirando uma maior quantidade de tinta do papel usado, e não afeta as propriedades físicas do papel.

As enzimas foram preparadas com a produção do Bacillus licheniformis BL- P7 em um meio de cultura líquido contendo palha de arroz e restos de fécula.

O processo de retirada da tinta das fibras do papel é facilitado pela modificação enzimática das superfícies das fibras. Isso permite também a retirada de grandes partículas de tinta, que normalmente não são atingidas pelo tratamento químico.



Resultados e Discussão:

Dei uma pesquisada por aí sobre esse método que sinceramente nunca tinha ouvido falar, e achei importante divulgar um tecnologia, mesmo que ela já venha sendo utilizada na industria de reciclagem a algum tempo.

As vantagens da processo de retirada da tinta por processos enzimáticos não se restringe unicamente à uma maior eficiência e menor impacto ambiental, podemos citar também uma redução nos custos, nos gastos energéticos e algumas vantagens operacionais, já que o processo agride muito menos os equipamentos.

Pessoalmente gosto muito da aparência de um papel reciclado, mas é inegável que seu uso é restrito a algumas atividades que demandam uma aparência mais rústica e artística, uma melhora de qualidade do mesmo com certeza o tornaria mais competitivo, mas sempre se aliando a um preço mais acessível também obviamente.

Pelo que pude perceber existem várias enzimas atualmente no mercado, e todas possuem eficiência diferentes no que se trata á vários aspectos do papel, já que as enzimas que fazem tal trabalho são Celulases (degradam celulose, material do qual o papel é feito) ou semelhantes, o papel reciclado pode apresentar uma perda de sua integridade e rigidez devido a perda de qualidade de suas fibras.

Ao que me parece, as industrias têm buscado novas enzimas, ou misturas das mesmas afim de otimizar o processo, e isso logicamente, tem incentivado muito a pesquisa neste campo.

PS: Leiam o post do Átila (@oatila) no blog Rainha Vermelha sobre o jornalismo científico e depois testem a mesma coisa sobre este assunto. Digitem qualquer parte da matéria no Google e verão a quantidade de matérias que simplesmente traduziram o release (inclusive esta que postei aqui).

Leia mais em:

Preliminary studies of enzymatic deinking

EDT - Enzymatic Deinking Technologies

8 de agosto de 2009

Não basta produzir!

Biodiesel ocioso na UE

(Do portal energiahoje.com)

A capacidade de produção de biodiesel na União Europeia deverá aumentar 30,6%, de 16 bilhões de litros em 2008 para 20,9 bilhões de litros em 2009. Se depender dos recentes resultados da produção do biocombustível no bloco, divulgados pelo Comitê Europeu de Biodiesel (EBB), a produção deverá ficar bem abaixo daquilo que pode ser produzido. Em 2008, a produção respondeu por 48% da capacidade instalada da UE.

A ociosidade já vinha aumentando desde 2007, quando a produção respondeu por 55% da capacidade instalada do bloco, contra 80% em 2006. Segundo o EBB, o aumento na capacidade ociosa nos últimos anos pode impedir que o bloco alcance a meta de ter 10% de biocombustíveis no consumo de combustíveis para transportes até 2020.

Apesar do aumento na capacidade ociosa, a produção da UE cresceu 35,7% em 2008, em, comparação com 2007. Ao todo, foram produzidos 7,7 bilhões de litros, 1,81 bilhão de litros vindos da França, a segunda maior produtora do bloco.

Os franceses encerraram 2008 com uma produção quase duas vezes maior que a de 2007. Já a produção da Alemanha, a maior produtora da UE, caiu 2,5%, para 2,82 bilhões de litros. Terceira colocada, a Itália produziu 595 milhões de litros, alta de 64%.

O biodiesel respondeu por 78% dos biocombustíveis consumidos pelo bloco no ano.


Plantação de Colza


Resultados e Discussão:

Esses numeros são do meu ponto de vista positivos por um lado, mas por outro mostram o quão equivocada pode estar a política da produção dos biocombustíveis. E quanto a isso o título do post é claro: "Não basta produzir!" é preciso também incentivar o consumo, em detrimento dos derivados de petróleo, incentivar também o aperfeiçoamento e barateamento das tecnologias de transporte e energia que consomem biocombustíveis.

O que vejo são políticas de produção soltas ao vento, que tem sua base na demanda da moda ambientalista.

Se assim como no Brasil, o biodiesel europeu também é adicionado ao Diesel mineral, não é tão difícil se ter uma estimativa do consumo durante um determinado período de tempo. Então o que está acontecendo? Porque toda essa ociosidade dos produtores? Investimento mal planejado? Será que o fato da produção de Biodiesel lá (proveniente principalmente da colza) ser duas vezes mais custosa do que a do Diesel mineral tem algo a ver com isso?

6 de agosto de 2009

Humor e ciência! Nem tudo está perdido...

As vezes é preciso lembrar que a ciência é feita por seres humanos como todos nós, e como a formalidade do ambiente acadêmico é a face mais vista pelas pessoas (inclusive as que trabalham no meio) as vezes é muito bom e intrigante ver certas situações em que o lado humano bem-humorado aparece.

E isso não é importante apenas para nos libertarmos um pouco do "mito do cientista maluco", que retrata o praticante da ciência como um ser alienado do mundo e das relações sociais. Mas também o é a partir do ponto que ajuda a divulgar e a popularizar a ciência, de uma forma engraçada e bem-humorada, um dos grandes desafios pra qualquer educador do mundo.

Resolvi fazer esse post retratando uma pequena amostra do que tenho visto pela internet.

Já falei aqui no blog sobre o site PhdComics, esse site é idealizado por Jorge G. Cham, Phd em engenharia mecânica pela Universidade de Stanford (EUA), e trata de uma forma cômica e ligeiramente ácida os principais temas que envolvem a vida de um estudante que pretende seguir carreira acadêmica. O engraçado é que as "tirinhas" desenhadas pelo autor do site são universais e abordam temas que podem ser aplicados em qualquer nível das relações profissionais e/ou acadêmicas.

"Eu tenho tanta coisa para fazer amanhã. Eu preciso dormir. Que horas são? Puxa vida, porque eu não consigo dormir?"
"No dia seguinte:"


Abordando temas como a relação orientador/orientado, a relevância dos trabalhos científicos e das teses, as crises existenciais e a relação da mídia com a ciência, a leitura leva a qualquer um que tenha passado por situações minimamente semelhantes a boas gargalhadas.

Mas o interessante é que o humor na ciência não se restringe ao humor inteligente e ácido, temos como exemplo um vídeo que vi outro dia após receber o link pelo Twitter.



Esse é um exemplo clássico de humor pastelão, muito bem feito e idealizado, e pra qualquer um que saiba o que é um PCR (reação em cadeia da polimerase) é de se urinar de rir, os dois vídeos me parecem ser propagandas da Bio-Rad Laboratories, que fornece produtos como o termociclador (maquina que aparece no primeiro vídeo) que é reponsável basicamente por fazer as mudanças de temperatura necessárias á uma reação de PCR.

E claro não poderia deixar de fora meu formato de comédia predileto, o stand-up comedy (ou comédia em pé) e acabei achando sem querer os vídeos desse cara chamado Brian Malow. Que fiz questão de aprender de ultima hora a legendar um vídeo e postar no blog (de nada).




Esse é só um pequeno exemplo, se gostaram procurem por mais vídeos dele no YouTube, mas infelizmente não encontrei nenhum legendado.

Sim.. o mundo é cômico!

1 de agosto de 2009

O chá verde e o HIV.

Várias vezes, pelos blogs científicos que acompanho vejo pessoas, pouco informadas diga-se de passagem, que insistem em dizer que as pesquisas na área da busca de novos fármacos são totalmente controladas pela industria farmacêutica, e que esta impede a qualquer custo o desenvolvimento de qualquer pesquisa que possa ter sua origem em produtos naturais, baratos e de fácil acesso ao público, tudo em nome do lucro.

Esse é um exemplo de que, se isso realmente acontece, não é a regra.

Pesquisadores do Bayor College of Medicine em Houston no Texas (EUA), trabalham arduamente e já publicaram vários artigos relacionando um dos principais ativos do chá verde com o tratamento da infecção por HIV-1.

O chá verde já foi relatado como um eficiente anti-oxidante, anti-inflamatório, anti-alérgico, anti-histamínicos, anti-tumorais e anti-virais (ufa!).

Camellia sinensis (Chá Verde)

A Epigalocatequinagalato (EGCG) faz parte do grupo dos polifenóis juntamente com as teaflavinas substâncias comuns ao chá verde e ao chá preto. E se difere de outras catequinas por possuir grupos químicos adicionais em sua estrutura, e esses são determinante para sua propriedade terapêutica.

Por meio de células brancas do sangue (principal alvo do vírus) cultivadas, na presença de vários subtipos de HIV-1 e em várias concentrações diferentes de EGCG, foi possível perceber que em concentrações relativamente baixas da substância, ocorre uma inibição da replicação do vírus comparável àquela observada com a utilização das drogas utilizadas atualmente (Ritonavir e AZT).

Tabela que compara a eficácia do EGCG na replicação do HIV-1 em diferentes concentrações e
com o Ritonavir

Os pesquisadores atribuíram tal fenômeno à capacidade da EGCG se ligar ao receptor CD4 das células do sistema imune, que é a via de infecção do vírus HIV-1 que precisa estar dentro da célula para se replicar e infectar outras células. Seria como, se quando o vírus procurasse a porta de entrada ela já estivesse ocupada.

HIV-1 atacando um linfócito-T

A pesquisa ainda está em fase de testes in vitro e precisa obviamente de outros estudos que possam não só comprovar sua eficácia como também determinar as concentrações ideais do EGCG para atuar, além de estudar sua farmacocinética, ou seja, como a substancia interage com o corpo humano. E algumas dessas já estão em andamento.

Leia mais em:
- Preclinical development of the green tea catechin, epigallocatechin gallate, as an HIV-1 therapy
- Inhibition of HIV-1 infectivity across subtypes by the green tea catechin, epigallocatechin gallate, without altered immune function

30 de julho de 2009

Prêmio Tubal Siqueira (O Vício)

Inspirado pelo post da Paula no Rastro de Carbono sobre a campanha do IBAMA ("Todo mundo pode") que é veiculada em rede nacional. Resolvi postar esse comercial idealizado por alunos da FACSUM - Juiz de Fora e que foi a vencedora do Prêmio Tubal Siqueira 2009. Esse video está sendo veiculado pela TV local (Juiz de Fora - MG e Zona da Mata Mineira)



FICHA TÉCNICA:

TÍTULO: Vícios
FACULDADE: FACSUM - JUIZ DE FORA/MG
CRIAÇÃO: Giulio Fernandes, Zk Perez
REDATOR: Giulio Fernandes
PRODUÇÃO: Diego, Eider, Eduardo
EDIÇÃO: Estúdio de TV Facsum


Como diria a Paula, "Gostei e Divulgo".

28 de julho de 2009

A tecnologia verde e a obsolescência perceptiva.

Novo celular da Samsung (Bio Cover)

Tem sido recorrente na blogosfera o assunto das novas "tecnologias verdes" ou" greentechs" as quais as grandes empresas de tecnologia têm se utilizado para rotular seus mais novos produtos.
Obviamente o lançamento de tais produtos vêm sempre acoplado à uma enorme campanha de marketing de proporção a altura.

Sempre fazendo referências ao aquecimento global, e a emissões de gases de efeito estufa, as empresas vem cada vez mais buscando nesse campo uma forma de se adaptar a uma preocupação crescente entre seus consumidores. E se aproveitando da falta de informação do público acabam por estimular o principal vilão de toda a crise ambiental que vivemos atualmente. O consumo desenfreado e irresponsável!E esse é o objetivo principal.

Afinal de contas, uma empresa não faz mais do que a obrigação em melhorar a eficiência energética de seus produtos eletrônicos, porque vivem e exploram no mesmo planeta que todos nós.
Então qual seria o propósito de transformar tais produtos em uma linha totalmente diferente e direcioná-lo a um publico especifico, e ao mesmo tempo continuar fabricando os mesmos produtos que fabricavam antes?

Mesmo aquelas que pensam um pouco a frente e mudam (ou pretendem mudar) toda sua linha de produção afim de realmente reduzir seu impacto global. O fazem pelas razões erradas, e isso nos mantém ainda a mercê do consumo.

Além disso temos a moda. Ser verde é tendência. Já é possível ver pessoas se desfazendo de produtos perfeitamente funcionais para trocá-los por produtos "eco-amigos". Reproduzindo o comportamento que sustentou o capitalismo e é responsável por boa parte dos esgotamentos dos recursos naturais, da pobreza e da má distribuição das riquezas.

E se tudo isso for um fracasso? E se o "ser-consumidor" e o "ser-humano" mostrarem-se diferentes em formas de pensar e agir? E se os produtos verdes forem um fracasso de vendas?

Fica a pergunta...

22 de julho de 2009

"Política e Meio ambiente" é diferente de "Politica Ambiental!"

Um desabafo..

Essa semana estive em Brasília no 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), que pra quem não está familiarizado, é o momento onde as forças politicas que compõe a UNE e suas entidades de base (UEE's e DCE's por exemplo) ,e também outros estudantes que são eleitos delegados pelas suas universidades se reúnem para discutir, e votar, as resoluções políticas que serão levantadas pela UNE na gestão que é eleita também neste congresso e irá atuar por 2 anos.

Discurso do Presidente Luis Inácio Lula da Silva no 51º Conune

Enfim, eu pessoalmente sempre tive um envolvimento (sem muito afinco admito) na politica da universidade, mas sempre procurei me manter informado e atuante nas áreas que me eram mais próximas, entre essas estaria a política ambiental obviamente.

Porém, qualquer estudante, que se proponha a ir a um congresso político para discutir politicas ambientais está fadado a uma enorme decepção. Não que tais entidades não coloquem sempre em suas resoluções políticas algo sobre meio-ambiente (sempre é possível encontrar algo sobre a Amazônia no meio das teses). O mais decepcionante é ver que o modismo ambiental, verde e limpo que contamina as grandes corporações (maiores responsáveis pela crise ambiental) e que nós compramos por meio dos produtos verdes, também já contaminou os movimentos políticos e sociais.

Obviamente a União Nacional dos Estudantes não é o melhor fórum de discussão sobre o assunto, existem locais e encontros específicos para este, mas não posso deixar de me questionar sobre o papel fundamental da EDUCAÇÃO na solução desta crise, e neste ponto de vista a UNE é sim o lugar certo para se discutir tais soluções.

Ato "A Petrobras é nossa" com a participação da UNE

O que consegui perceber é que em tais fóruns a discussão permanece sempre superficial, restrita e muito pouco propositiva! Pra vocês terem uma ideia, no total foram tiradas 4 resoluções com o tema de meio-ambiente (relevantes diga-se de passagem) ,e (não contei) aproximadamente umas 20 relativas à esportes. Não estou dizendo que esportes deveriam ser menos valorizados, só estou fazendo uma comparação entre a profundidade que os debates atingem.

Como se tal falta de aprofundamento não fosse suficiente, temos que das poucas resoluções existentes no final do congresso, as mesmas centravam-se única e exclusivamente ao debate amazônico! Não se ouve falar em Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e tampouco do Cerrado (onde o congresso ocorreu), não se houve falar em políticas de urbanização, e pasmem NADA foi dito sobre Educação Ambiental!

Plenária Final do Congresso (momento de votação)

Não estou me redimindo da culpa, afinal de contas eu também estava lá e deveria ter construído tais propostas. Mas podem ter certeza que no próximo estarei lá novamente, pois acho que era esse tipo de indignação que me faltava para realmente começar a ser um pouco mais atuante.

Quem tiver interesse em construir tais propostas comigo por favor entrem em contato.

PS: O congresso não foi uma total perda de tempo, valeu a pena ver o brilhante discurso (e muito bem frequentado diga-se de passagem) da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva sobre desenvolvimento sustentável. Que por sinal era o tema do "painel" e todos os outros componentes da mesa se se contentaram em falar da Amazônia.

Leia um pouco mais sobre o discurso de Marina Silva aqui

24 de junho de 2009

Adeus Monsanto?

Material e Métodos:

Efeito boomerang na Monsanto

23/06/2009

Do Rebelión.org



Sementes de Soja Transgênica (Roundup Ready)


Nos EUA, agricultores precisaram abandonar cultivos de 5 mil hectares de soja transgênica e outros 50 mil estão gravemente ameaçados. Esse pânico deve-se a uma erva “daninha” que decidiu se opor à gigante Monsanto, conhecida por ser a maior predadora do planeta. Insolente, essa planta mutante prolifera e desafia o Roundup, o herbicida total à base de glifosato, ao qual “nenhuma erva daninha resiste”.

Quando a natureza se recupera

Em 2004, um agricultor de Macon, situada a 130 km de Atlanta, no estado da Geórgia, EUA, notou que alguns brotos de amaranto resistiam ao Roundup que ele utilizava em suas lavouras de soja.

As lavouras vítimas dessa erva daninha invasora tinham sido semeadas com grãos Roundup Ready, que receberam um gene resistente ao Roundup ao “qual não resiste nenhuma erva daninha”.

Desde então, a situação tem piorado e o fenômeno se estendeu a outros estados, como Carolina do Sul e do Norte, Arkansas, Tennessee e Missouri. Segundo um grupo de cientistas do Centro para A Ecologia e Hidrologia, organização britânica situada em Winfrith, Dorset, produziu-se uma transferência de genes entre a planta modificada geneticamente e algumas ervas indesejáveis como o amaranto. Essa constatação contradiz as afirmações peremptórias e otimistas dos que defendem os organismos modificados geneticamente (OGM), que afirmam que uma hibridização entre uma planta modificada geneticamente e uma não modificada é simplesmente “impossível”.

Para o geneticista britânico Brian Johnson, especializado em problemas relacionados com a agricultura “basta que aconteça somente um cruzamento, que pode ocorrer entre várias milhões de possibilidades. Uma vez criada, a nova planta possui uma enorme vantagem seletiva e se multiplica rapidamente. O potente herbicida aqui utilizado, à base de glofosato e amônia, tem exercido uma pressão enorme sobre as plantas, que por sua vez aumentaram ainda mais a velocidade de adaptação”. Assim, ao que parece, um gene de resistência aos herbicidas deu origem a uma planta híbrida surgida de repente entre o grão que se supõe que ele protegeria e o amaranto, que por sua vez se torna impossível eliminar.

A única solução é arrancar à mão as ervas daninhas, como se fazia antigamente, mas isso já não é possível dadas as dimensões das áreas de cultivo. Além disso, por terem raízes profundas, essas ervas são extremamente difíceis de arrancar, razão pela qual simplesmente se abandonaram 5 mil hectares de soja.

Muitos agricultores pretendem renunciar aos OGM e voltar para a agricultura tradicional, ainda mais por que os cultivos OGM estão cada vez mais caros, e a rentabilidade é primordial para esse tipo de lavoura. Assim, Alan Rowland, produtor e vendedor de sementes de soja em Dudley, Missouri, afirma que já ninguém pede sementes do tipo Roundup Ready, da Monsanto, que ultimamente representavam o 80% do volume de seus negócios. Hoje as sementes OGM estão desaparecendo de seu catálogo e a demanda por sementes tradicionais não deixa de aumentar.

Já em 25 de Julho de 2005, o jornal The Guardian publicava um artigo de Paul Brown que revelava que os genes modificados de cereais tinham passado para as plantas selvagens e criado uma “super semente”, resistente aos herbicidas, algo “inconcebível” para os cientistas do Ministério do Meio Ambiente. Desde 2008 os meios de comunicação ligados à agricultura dos EUA informam cada vez mais casos de resistência, ao mesmo tempo em que o governo daquele país tem realizado cortes importantes no orçamento da Secretaria da Agricultura, que o obrigaram a reduzir e depois interromper algumas de suas pesquisas nessa área.

Planta diabólica ou sagrada?


Amaranthus tricolor (Amaranto)

Resulta divertido constatar que o amaranto, essa planta “diabólica” para a agricultura genética, é sagrada para os incas. Pertence aos alimentos mais antigos do mundo. Cada planta produz uma média de 12 mil sementes por ano e as folhas, mais ricas em proteínas que as da soja, contém sais minerais e vitaminas A e C.

Assim, esse boomerang, devolvido pela natureza à Monsanto, não neutraliza somente essa empresa predadora, mas instala em seus domínios uma planta que poderia alimentar a humanidade em caso de fome. Ela suporta a maioria dos climas, tanto as regiões secas, como as de monção e as terras altas tropicais, além de não ter problemas nem com os insetos nem com doenças, com o que nunca precisará de aplicação de agroquímicos.

Assim, o amaranto enfrenta a muito poderosa Monsanto como David se opôs a Golias, e todo mundo sabe como acabou o combate, mesmo que muito desigual! Se esses “problemas” ocorrerem em quantidade suficiente, que é o que parece que vai acontecer, em seguida não restará opção à Monsanto do que fechar as portas. Além de seus empregados, quem realmente se compadecerá com essa fúnebre empresa?

(Dica: Arthur Valente - Professor Dep. de Botânica da UFJF)

Resultados e Discussão:

Texto apaixonado à parte, fui a uma pequena e breve busca sobre artigos publicados sobre o assunto, e descobri que ervas daninhas resistentes ao glifosato (RoundUp) não são exclusividade dos EUA e muito menos do Amaranto. Outras ervas resistentes já foram descritas inclusive no Brasil e Argentina, outros dois grandes produtores de soja e algodão (outra cultura geneticamente modificada com o RoundUp Ready) que também são "clientes" da Monsanto.

Pois bem, um ponto que tenho que me ousar a discordar da reportagem é sobre a transferência de gens da planta modificada (soja ou algodão) para a erva-daninha. Como isso pode ser provado? Que eu saiba existem sim vetores naturais de inclusão gênica, tais como vírus e bactérias, mas normalmente estes infectam plantas adultas, incluem sequências de seu próprio genoma, gerando desta forma tumores (inclusive estes vetores são utilizados em laboratório para a engenharia genética de plantas em algumas técnicas), mas para produzir uma transferência desse modo explicado pelo artigo seria necessário um vetor isolar o gene da planta transgênica e transferir para um gameta da erva daninha. Sobre o cruzamento e a produção de hibridos me parece um pouco improvável, principalmente pelo diferente número de espécies já identificadas e consequentemente de sua diversidade e divergência taxonômica (que se diferem a partir de "Ordem").

O que eu entendo que possa ter ocorrido, me baseando também pelo número de espécies que já demonstraram resistência, é que se trata de um processo de alta pressão seletiva sobre tais plantas, que então acabaram por selecionar os seus próprios fenótipos resistentes. É a natureza dando sua resposta realmente, e da forma que sabe melhor, evoluindo.

Outra ressalva sobre o artigo é o ponto onde ele "praticamente comemora" o retorno destes agricultores a agricultura tradicional. TRADICIONAL galera, ninguém aqui está falando em orgânicos ou agroflorestas, tal método de cultura chega a utilizar doses ainda maiores de pesticidas e herbicidas nas plantações sendo potencialmente muito mais agressivos do que o próprio RoundUp, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana.

É inegável o avanço tecnológico que os transgênicos trouxeram em matéria de produção (ainda que seja mal utilizado tal potencial), e o caminho do meu ponto de vista está na biotecnologia em uma visão mais ampla e ecológica.
Porque criar plantas resistentes a herbicidas e não criar plantas por exemplo com melhor potencial competitivo, excluindo assim as ervas por competição de recursos? Engenheirar plantas que sejam por si prórpias resistentes às pragas do meu ponto de vista é um caminho muito mais sensato a ser seguido.

E neste ponto tenho que concordar com a reportagem, a Monsanto não vai fazer falta nenhuma.


Leia mais em: Evolved glyphosate-resistant weeds around the world: lessons to be learnt

14 de junho de 2009

Reciclagem de Embalagens Longa Vida (Tetra Pak)

Bom sei que esse post foge um pouco ao tema do blog. Mas depois que vi o post da Paula no Rastro de Carbono sobre a empresa que estimula a reciclagem das embalagens Tetra Pak fiquei super curioso sobre o processo e a tecnologia aplicada neste processo.
Pra ser sincero esperava um tipo mais complexo de tecnologia, mas acabei ficando feliz de ser um processo relativamente simples e que pode originar vários produtos diferentes.

Aparentemente, a grande produtora mundial dessas embalagens, a Tetra Pak, tem se mostrado uma grande incentivadora da reciclagem de seus produtos, pelo menos em matéria de divulgação como pode-se ver no site da empresa que dedica toda uma sessão aos seus projetos ambientais e à reciclagem, de onde tirei a maior parte dos dados desse post.

Bom todo o processo de reciclagem se dá inicio com a coleta seletiva, pra isso a Tetra Pak mantém o sistema Rota de Reciclagem, onde você insere seu endereço e ele te dá a localização da cooperativa mais próxima de sua casa, e ainda te fala como chegar lá! Vale a pena dar uma visitada.

Com as embalagens em mão podemos então ter alguns tipos diferentes de resultante, mas ambos começam com o processamento do material em um tipo de liquidificador gigante (hidrapulper), onde as fibras de papel que compõem as embalagens são hidratadas, e então separadas do composto alumínio/plástico que também estão presentes. Tal processo ocorre todo imerso em água sem adição de nenhum produto químico.

Hidrapulper: Inicio do Processo

Hidrapulper: Final do Processo

O papel resultante é processado para a produção de papel reciclado no processo tradicional que pode resultar em papelão por exemplo.

Já o material alumínio/plástico pode ter dois destinos, pode ser utilizado desta forma mesmo, onde pode ser enviado para indústrias de processamento de plásticos onde vai ser utilizado na produção de peças plásticas. Ou então pode ser prensado sobre altas temperaturas para a produção de chapas semelhantes a compensados de madeira que podem também ter vários destinos.

Pellet de Composto Plástico/Alumínio

Temos também uma nova tecnologia sendo desenvolvida (tecnologia de plasma), onde podemos separar o componente plástico do componente alumínio para então termos novamente o alumínio para a um novo ciclo de utilização, e o plástico se transforma em parafina. Tal processo é realizado submetendo-se esse composto a temperatura de fundição em um forno com ausência de oxigênio (para preservar a qualidade do alumínio).

Vaso feito de parafina resultante do processo de "plasma"

Lingote de Alumínio

Bom, matei minha curiosidade, mas ainda estou muito em duvida sobre qual processo é relativamente mais eficiente.
Bom eu sempre me disponho a acreditar, que aquele que resulta o produto final mais puro tem uma maior eficiência, mas quando se olha pelo lado do gasto energético, muito provavelmente (e isso eu to tirando da cartola mesmo) a tecnologia de plasma tem um gasto muito maior.
Será que vale a pena gastar grandes quantidades de energia para reciclar? Ou será inevitável diante do esgotamento iminente dos recursos naturais do planeta? Ou eu estou doido mesmo e o negócio é reciclar não importa de que jeito!?

12 de junho de 2009

Metagenômica e Biotecnologia Ambiental II - O esquema

Bom, pelo jeito não atingi muito bem meu objetivo ao tentar elucidar, um pouco que seja, a aplicação da metagenômica em tecnologias favoráveis ao meio ambiente.
Então resolvi procurar um esquema (coisa que deveria ter feito no ultimo post) o mais generalista possível e explicar o passo a passo do processo. Duvidas? Deixe um comentário!



Simplificando:
(do início)
- Isolamento do DNA total da amostra do ambiente.
- Manipulação do DNA (picotagem do DNA extraído)
- Ligação dos fragmentos em vetores de expressão (plasmídios) para inserir em bactérias (transformar) e cultivá-las.(No esquema ele usa um BAC - cromossomo artificial de bactérias, mas é somente um outro tipo de vetor)
- Construção da biblioteca (conjunto de colônias transformadas)
- Análise: diferentes colônias poderão expressar diferentes proteínas(enzimas), dependendo do seu interesse pode adicionar o substrato de sua enzima no meio de cultura (no nosso caso algum composto tóxico na agricultura, por exemplo) e as bactérias que conseguirem degradar esse composto no meio (obviamente produzindo alguma coloração diferente) são aquelas que possuem o gene de interesse.

E aí? Melhorou?

9 de junho de 2009

Metagenômica e Biotecnologia Ambiental

Já tem um tempo que venho pensando em uma forma de fazer um post sobre o assunto de metagenômica aplicada a biotecnologia ambiental, mas como fazer isso de uma forma simples e objetiva? Difícil, mas resolvi explicar da forma que eu sei, e qualquer duvida ou correção por favor deixem nos comentários.

A metagenômica é uma técnica de análise genômica de microrganismos independente de cultivo dos mesmos, tal necessidade surgiu a partir da estimativa de que apenas 1% de todos os microrganismos do planeta são cultiváveis, e a análise desses ecossistemas e de sua diversidade seria sempre subestimada se estudada apenas por essa técnica.

Como é feita então? TODO o DNA é extraído diretamente da amostra do ambiente a ser estudado (água, solo, biofilme etc), e é então "picotado" por uma enzima, e esses pedaços de DNA aleatoriamente cortados são inseridos em plasmídios e esses por sua vez são inseridas em bactérias cultiváveis, que irão multiplicar esses plasmídios em várias cópias, e consequentemente os fragmentos de DNA inseridos, formando um "biblioteca metagenômica" de seu ambiente.

As bactérias transformadas são encubadas e as colônias formadas são analisadas (seus plasmídios sequenciados) e sobre tais informações infere-se a diversidade, filogenética ou taxonomia da microbiota do ambiente estudado.

Dificil? Ok ok.. mas como aplicar tal tecnologia á favor do meio ambiente?

Simples! (tá bom... nem tão simples assim), mas, a partir dos plasmídios sequenciados podemos comparar a sequências a um banco de dados de gens já elucidados, com suas respectivas funções.
Dependendo do grau de semelhança que o gens que descobrimos apresentarem com os gens existentes no banco de dados, maior a probabilidade de apresentarem funções iguais ou semelhantes.

E daí?
Por exemplo, se algum "fragmento" que encontramos em nossa biblioteca tem uma grande homologia com um gen de um outro microrganismo que é responsável pela degradação de algum composto tóxico, basta inserir tal fragmento em outro plasmídio que irá expressar tal gen, e pronto, temos agora identificada uma nova variedade de enzima para degradação de compostos tóxicos no ambiente, ampliando a possibilidade de utilização dos mesmos para biorremediação. Quanto mais enzimas conhecemos para degradar determinada família de compostos tóxicos, maior é o nosso "poder biorremediador", já que diferentes enzimas apresentam diferentes "formas" de atuação sobre os compostos.

E quando não temos nenhuma enzima já conhecida para a degradação do nosso composto tóxico alvo? Aí podemos inserir todos os nossos fragmentos em plasmídios de expressão (plasmídios que possuem sequencias promotoras e podem expressar o "fregmento inserido" em uma protéina), e testa-los bioquimicamente na presença do composto alvo ou de um análogo. As colônias que apresentarem atividade de degradação irão ser selecionadas para serem sequenciadas, e comparadas com outros gens que possam ter alguma atividade análoga a do gen encontrado.

Complicado? Um pouco né?

Mas o importante disso tudo são as imensas possibilidades que tal técnica nos abrem.
Se com apenas 1% de todos os microrganismos possíveis de serem cultivados, várias enzimas já foram descobertas para degradação de diferentes compostos, e a aplicação dos próprios microrganismos como biorremediadores já vem sendo difundida, uma ampliação das possibilidades de utilização desta imensa biodiversidade que não pode ou é muito difícil de ser cultivada só pode trazer muitos ganhos para a tecnologia.

Lembrando sempre daquela frase já utilizada por mim aqui no blog, e pretendo repeti-la sempre que se trata de biorremediação, "melhor prevenir do que biorremediar", mas a utilização de compostos tóxicos e de difícil degradação vem sendo cada vez mais difundida na industria moderna (tanto urbana quanto agrícola) e esses resíduos são sempre despejados nos ambientes naturais, quando não vão parar nos alimentos que consumimos, ou na água que bebemos.
Dessa forma não se trata apenas de uma questão ambiental, mas também de saúde publica.

Um exemplo: Molecular cloning and characterization of a novel pyrethroid-hydrolyzing esterase originating from the Metagenome

4 de junho de 2009

Se artigos tivessem seção para comentários...

Material e Métodos:

Outro dia mesmo queria muito comentar em um artigo que li na internet que simplesmente citava uma "bendita" Table 1 no texto que simplesmente não existia... bem normal.. mas dá uma sensação de total impotência.

Então para resfriar a cabeça fui dar uma olhada nos ultimos quadrinhos do phdcomics.com (um site muito engraçado de quadrinhos sobre a vida acadêmica, que pasmem, é mais absurda do que pensamos) e achei essa pérola.

Tipo, eu sou bobo, mas eu ri praca..., voltei no site do artigo que tinha lido, e pasmem novamente, existia uma seção de comentários!
Não pensei duas vezes, gastei todo meu inglês para deixar aquele comentário pomposo e todo educado, pedindo encarecidamente pela bendita "Table 1". No que cliquei em enviar vem seguinte mensagem "Seu comentário agora aguarda por moderação do autor".

Resultados e Discussão:

Sim, eu fui ignorado...

20 de abril de 2009

Telhados Verdes "Green Roofs"


Material e Métodos:

Os famosos Jardins Suspensos da Babilônia, considerados como uma das sete maravilhas do mundo antigo, já não são mais um privilégio apenas do rei Nabucodonosor. Mais comuns na Europa, os telhados verdes estão, aos poucos, conquistando os brasileiros.

De acordo com o engenheiro agrônomo João Manuel Linck Feijó, da empresa gaúcha Ecotelhado, os telhados verdes são estruturas adaptadas para receber uma cobertura de gramado em lajes e telhados de casas e edifícios. "Ele funciona como isolante acústico e térmico, mantendo o ambiente sempre fresco", comenta.


Ele é composto do conjunto formado pela ecotelha vegetada e sub-telhado que pode ser de telha de fibrocimento, metálica, laje de concreto impermeabilizada e até mesmo telha de cerâmica. A impermeabilização constituída pela telha isola o interior do ambiente da umidade, enquanto que a ecotelha vegetada, que vai sobreposta ao sub telhado, tem a finalidade do isolamento térmico e acústico, além de servir como base para a vegetação.


Além de ser esteticamente bonito, esse tipo de cobertura retém as águas das chuvas, evitando que elas cheguem até os rios. "Com a urbanização das cidades o solo se tornou impermeável, fazendo com que as águas provenientes das chuvas sejam levadas diretamente para os rios. Em casos extremos, esse excesso de água causa enchentes", completa.

Como a própria planta utilizará esta água armazenada para seu desenvolvimento, isso evitará que o proprietário do imóvel tenha trabalho com a irrigação. "Quase não é preciso trabalhos de manutenção, pois escolhemos as espécies de plantas adequadas aos diferentes climas e normalmente elas não precisam ser podadas, pois têm o crescimento lento e de porte baixo", explica Feijó.


Ainda segundo o engenheiro agrônomo, a fotossíntese realizada pelas plantas transforma o gás carbônico em oxigênio, purificando o ar. "A evaporação da água também refresca o ambiente, melhorando o clima. As áreas rurais chegam a ser até 9ºC mais baixas do que nos grandes centros urbanos devido a quantidade de plantas existentes", completa.


Os materiais utilizados para a implantação do telhado verde são feitos de materiais recicláveis. Cada metro quadrado instalado pesa cerca de 50kg, não precisando haver nenhum tipo de preparo especial da estrutura do imóvel. O valor também é acessível: R$ 100 por metro quadrado.

"O ecotelhado deveria ser utilizado em larga escala, tanto nas residências quanto no comércio e nos prédios. A instalação é simples, não dá trabalho de manutenção e ajuda o meio ambiente", afirma João Manuel Linck Feijó. Para ele, a procura pelo telhado verde tem sido crescente, mas ainda é uma novidade que precisa ser difundida.

Resultados e Discussão:

Sabe qual é o melhor disso tudo? Telhados verdes além de seu grande benefício ao bem-estar urbanos e ao meio ambiente, são (na minha opinião claro) extremamente bonitos!

Imaginem uma cidade toda coberta de telhados verdes! Imaginem o odor da manhã! Imaginem o horizonte urbano coberto de verde e flores, e a quantidade de pássaros que retornariam aos centros urbanos. Sonho? Sinceramente acredito que não. Apesar de não concordar muito com o texto quando diz que R$ 100 por metro quadrado é barato, se for verdade que é uma tecnologia que está em crescimento de uso, esse preço tende a diminuir, e como é um adorno bonito às construções, o capitalismo e o consumismo se encarregam do resto (risos).

Creio que a tecnologia deva passar por uma visão mais biológica de escolha das espécies vegetais que compõem o telhado, e não apenas se concentrar naquelas que seriam resistentes ao ambiente que são submetidas, mas também que sejam plantas nativas e de interesse biológico, e porque não econômico, desta forma trazendo mais benefícios para o ambiente e também á sociedade. Afinal temos ótimas ferramentas de biotecnologia pra isso.

Concluindo, acho que telhados verdes são um perfeito exemplo do que pode ser Bom, Bonito, Barato, e Ecologicamente útil.

Leia mais em:

www.greenroofs.org



15 de abril de 2009

Células-tronco, mídia e os "pacientes impacientes"



Material e Métodos:

O potencial terapêutico das células-tronco, antes celebrado por todos, está se tornando um tormento para muitos pesquisadores. Cientistas e médicos se sentem cada vez mais pressionados pela ansiedade dos pacientes - que não querem esperar mais dez anos por uma cura - e pelo surgimento de clínicas estrangeiras que, mesmo sem comprovação científica, já oferecem "tratamentos" com células-tronco para todo tipo de doenças e lesões.

Esse dilema veio à tona recentemente numa palestra do neurocirurgião português Carlos Lima, no dia 24, na Universidade Federal do Rio (UFRJ). A ideia era promover um debate científico sobre a eficácia de um tratamento à base de células-tronco que Lima oferece a vítimas de lesões medulares em um hospital de Lisboa. Porém, com dezenas de pacientes e familiares no auditório, o foco da discussão mudou. A primeira pergunta, feita por um cadeirante ao fim da apresentação, foi emblemática: "Quando é que o tratamento chega ao Brasil?"

Em entrevista à reportagem, o neurocientista Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, disse que Lima não apresentou dados científicos que permitissem avaliar a eficiência da técnica, apesar dos relatos de pacientes que dizem ter se beneficiado da terapia. No dia seguinte, Rehen foi bombardeado com e-mails de pessoas indignadas, com xingamentos e críticas de que ele estava dificultando a vinda do tratamento para o País. "Há um hiato muito grande entre as expectativas dos pacientes e o que a comunidade científica pode oferecer para eles", lamenta.

Segundo vários especialistas ouvidos pela reportagem, ainda não há como atestar cientificamente a eficácia ou a segurança dos tratamentos vendidos atualmente com células-tronco, porque eles não seguem critérios básicos de pesquisa clínica. "Esse é o grande problema: sem os controles básicos de pesquisa clínica é impossível dizer se algo realmente funciona", diz Douglas Sipp, do centro de pesquisas Riken, no Japão, autor de um artigo sobre "turismo de células-tronco" na revista Science. "As pessoas dizem que melhoram, mas não há como saber se houve uma melhora clínica verdadeira ou se é só um efeito psicológico."

Placebo??

Para a geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo, é provável que muitos dos efeitos benéficos relatados pelos pacientes que pagam para receber injeções de células-tronco não tenham relação com as células. Em vez disso, podem estar relacionados a outros componentes do tratamento - como fisioterapia ou acupuntura - ou ser resultado de um "efeito placebo" - quando o paciente melhora espontaneamente porque acha que está recebendo uma droga, mas não está. "É uma injeção de ânimo, de esperança, que deixa a pessoa revigorada", diz Mayana. "Temos uma responsabilidade muito séria de não iludir as pessoas."

(Fonte: Abril.com)

Resultados e Discussão:

Esse é um assunto que me incomoda já tem um tempo, e que eu pessoalmente vejo da seguinte forma:

De um lado temos a comunidade científica, com suas hipóteses. métodos, cautelas (nem sempre), e extrema vontade (pra não dizer pressa) de "desvendar" o verdadeiro potencial terapêutico das células-tronco.

De outro temos pacientes (e afins), compreensivelmente aflitos, e ansiosos por uma cura. Afinal de contas são os principais interessados, e também porque não dizer, grandes apoiadores dessa pesquisa, já que constituem a maior fonte de pressão política para apoio das mesmas.

Porém existe um personagem a mais nesse cenário, aquele que faz o "leva e traz" desse diálogo
entre o meio científico e a comunidade, a mídia, e do meu ponto de vista isso consistiu em um problema, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Me parece que a polemica sobre a realização de tais pesquisas foi (a ainda é) tamanha, que se criou no senso comum uma super-expectativa sobre ela, e isso se reflete obviamente sobre os cientistas que a desenvolvem.
E cientistas (pasmem) também são seres humanos! Susceptíveis à pressão, à falha, e principalmente à ganância.

Que fique bem claro, não estou acusando ninguém de charlatanismo aqui! Mas onde foi parar a responsabilidade? A paciência? O método?A ética? E o respeito?

Será, que quando alguém aparecer com bons resultados, a comunidade científica não agirá da mesma forma como tem agido com os que apareceram ultimamente?

Quem sou eu para julgar? Diante de uma corrida contra o tempo, mascarada com o ideal de salvar vidas, mas que muitas vezes não passa de puro EGOísmo.

Leia mais em:

Steam Cell Treatment for Spinal Cord Injuries